Motards prestam homenagem a amigo que morreu em Vila do Conde

Miguel Silva morreu na quarta-feira. Centenas de pessoas disseram adeus ao "rei da meiguice", apoiando mulher e filho de quatro anos.

"O pai comprou uma casa no céu. Foi p'ra lá de mota e, agora, é um anjinho" - quem o diz é Diego, quatro anos. O pai, Miguel Silva, morreu, na quarta-feira, em Vila do Conde, num violento despiste de mota, seguido de colisão. Este domingo, três centenas de pessoas juntaram-se para uma homenagem sentida "ao bebé grande", que, "apesar do aspeto durão, era o rei da meiguice". Miguel amava as motas. Diego já lhe segue os passos.


"Aprendi a gostar de motas com o Miguel e aprendi que os motards não são amigos. São família e a família nunca se abandona. É isso que se está a ver aqui hoje", salientou, emocionada, a viúva, Joana Batista.


"Somos como irmãos. Partilhamos o mesmo amor pelas motas e estamos aqui pelo Miguel e pelo Diego", disse Fábio Faria, o organizador da homenagem e membro do Clube 299 e do Bikers No Fear.


Na "curva do Castelo", no exato local do acidente que tirou a vida ao motociclista que vivia na Póvoa de Varzim, durante uma hora o barulho dos motores falou mais alto. Camiões - Miguel era motorista internacional - e motas deram as mãos "pelo Miguel" e a beira da estrada encheu-se de flores brancas.


Lurdes Silva diz que o sobrinho era "um bebé grande, muito querido, amigo e sempre pronto a ajudar. Todos gostavam dele".


Por isso mesmo, a multidão que se juntou ali, numa tarde de domingo, não a surpreendeu.


"Não estamos chateados com as motas. O sonho da vida dele era comprar esta mota e ele concretizou-o", continua Joana Baptista, sorrindo. Miguel tinha comprado a mota (uma Yamaha R1 Crossplane) em setembro. Gostava da adrenalina e da liberdade que sentia.


Na passada quarta-feira, a seguir ao jantar, saiu "para dar uma voltinha". Morreu a três quilómetros de casa, na Póvoa de Varzim, minutos depois. Joana soube logo. Pediu-lhe um sinal de que estava em paz. No dia do funeral, e depois de uma chuva torrencial, quando o caixão desceu, o sol abriu-se. Era "o sinal" que precisava.

A viúva do homem que deixou Gondar, em Guimarães, para vir pescar para a Póvoa de Varzim, terra onde se apaixonou e casou, está convicta que Miguel partiu "em paz". A seu lado, Diego diz que tem, agora, um anjo a olhar por ele e garante que é "a estrela maior e mais brilhante".

Miguel deixou o mar em 2020 e era motorista de longo curso. Gostava de praticar artes marciais.

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