EMPRESAS DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA PREVEEM RECRUTAR MENOS
O atual clima de inflação e a perspetiva de abrandamento da economia para 2023 provocaram uma perspetiva de criação de emprego moderada nas empresas nacionais, de acordo com os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey relativo ao 1.º trimestre de 2023.
Embora 31% dos empregadores afirmem que irão recrutar, 19% anteveem reduzir as suas equipas e quase metade dos empregadores (49%) pretende manter o atual número de colaboradores. Os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey revelam, assim, uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +12% para o primeiro trimestre de 2023, um valor já ajustado sazonalmente e que traduz numa descida considerável de 15 pontos percentuais, face ao último trimestre, e ainda mais significativa, de 25 pontos percentuais, quando comparada com o período homólogo de 2022. Estes valores posicionam Portugal abaixo da média da região da EMEA (Europa, Médio Oriente e África), com apenas sete países a terem perspetivas de contratação mais pessimistas, entre os quais, Espanha, Grécia e Itália.
“A subida acentuada da inflação e o aumento das taxas de juro vieram unir-se aos desequilíbrios nas cadeias de abastecimento e configuraram um cenário bastante desafiante ao nível da estrutura de custos das empresas, ao mesmo tempo que a redução do consumo impacta a procura de bens e serviços. Em face destes desequilíbrios, os empregadores entram em 2023 com uma posição mais conservadora quanto à evolução do mercado, e ainda mais focados na garantia da competitividade e sustentabilidade dos seus negócios. Este cenário traz impactos inevitáveis no mercado de trabalho, e traduz-se já num abrandamento das intenções de contratação para o 1.º trimestre.” explica Rui Teixeira, diretor-geral do ManpowerGroup Portugal.
“Não obstante, este menor dinamismo no mercado de trabalho não implica, de momento, uma intenção alargada de dispensa dos colaboradores. O que observamos é que, face à atual escassez de talento e à dificuldade em atrair profissionais com as competências que procuram, os empregadores estão a privilegiar a manutenção das suas equipas, estando dispostos a fazer esse investimento para estarem dotados do talento necessário quando a economia retomar”, completa.
O setor da Indústria Pesada e Materiais e o setor dos Transportes, Logística e Automoção apresentam uma projeção favorável de +13%. No primeiro, o valor corresponde a uma descida de 10 pontos percentuais face ao trimestre passado e aos primeiros três meses de 202. Já nos Transportes, Logística e Automoção, a descida é mais acentuada, com menos 32 pontos percentuais em comparação com a projeção para o período de outubro-dezembro de 2022.
Quando se olha para o mapa do território nacional, todas as regiões de Portugal apresentam previsões favoráveis quanto à evolução das contratações no primeiro trimestre de 2023, ainda que apenas uma evolua positivamente face ao trimestre anterior.
É, novamente, o Grande Porto que apresenta a Projeção para a Criação Líquida de Emprego mais sólida, com um valor de +23%. Não obstante, esta região regista uma evolução negativa de menos 16 pontos percentuais, desde o último trimestre, e que é ainda mais acentuada, com menos 23 pontos percentuais, quando comparada com a previsão para o período homólogo de 2022.
A Região Centro, com uma Projeção de +22%, é a única que apresenta uma evolução positiva face ao trimestre anterior, crescendo três pontos percentuais. No entanto, se comparada com o mesmo período de 2022, regista um decréscimo de oito pontos percentuais.
Com Projeções mais modestas estão as Regiões Norte, da Grande Lisboa e Sul, com +9%, +8% e +6%, respetivamente. Na primeira, esta previsão significa uma descida de 7 pontos percentuais face ao trimestre anterior, tendência que é observada igualmente na Grande Lisboa, com uma descida 18 pontos percentuais entre trimestres. A Região Sul é a que apresenta a quebra mais acentuada na evolução das intenções de contratação trimestre a trimestre, com uma descida de 33 pontos percentuais. No entanto, quando comparada com o período homólogo do ano passado, a redução é suavizada, diminuindo 17 pontos percentuais.
Todas as categorias de empresas inquiridas, independentemente da sua dimensão, preveem começar o ano a aumentar as suas equipas, estando alinhadas com a projeção nacional. No entanto, também a totalidade das categorias assume uma evolução negativa face ao último trimestre e ao início de 2022.
São as microempresas que avançam com a perspetiva mais dinâmica, com uma projeção de +14%, menos 4 pontos percentuais do que a registada no último trimestre e 11 pontos percentuais inferior à do período homólogo de 2022.
Seguem-se as Grandes Empresas, as empresas de Pequena Dimensão e, por fim, as Médias Empresas, com projeções mais moderadas de +13%, +11% e +10%, respetivamente. No caso das Grandes Empresas, este valor traduz um decréscimo acentuado de 24 pontos percentuais face ao trimestre passado e um ainda maior face ao início de 2022, com menos 31 pontos percentuais.
INTENÇÕES DE CONTRATAÇÃO A NÍVEL GLOBAL DIMINUEM
Tal como em Portugal, a Projeção para a Criação Líquida de Emprego a nível global sofre um decréscimo, com o valor a situar-se agora nos +23%, menos 6 pontos percentuais do que o registado no trimestre passado e menos 14 pontos percentuais face aos mesmos meses de 2022.
Dos 41 países e territórios inquiridos, 38 apresentam perspetivas de contratação positivas, mas 29 revelam um abrandamento face ao trimestre anterior. Panamá, Costa Rica e Canadá são os países que apresentam uma Projeção mais otimista, de +39%, +35% e +34%, respetivamente.
Na Região EMEA, onde se situa Portugal, a Áustria e a Turquia mostram as intenções mais elevadas, ambas com +29%. Portugal ocupa assim o décimo sexto lugar da tabela, com seis pontos percentuais a menos da média da Região. No que respeita à média Global, o país posiciona-se onze pontos percentuais abaixo.
A nível mundial, a Hungria destaca-se nas Projeções menos ambiciosas, com uma Projeção negativa de -8%, seguida pela Polónia, com -2%, e pela Républica Checa, que, apesar de positiva, se situa apenas nos +1%.