Motoristas ganham a 5.10€ ha hora para conduzir
Cresce a onda de descontentamento no seio da empresa municipal Transportes Urbanos de Braga. Os motoristas alertam para a responsabilidade da profissão e criticam a administração.
Cresce a onda de descontentamento no seio da empresa municipal Transportes Urbanos de Braga. Os motoristas alertam para a responsabilidade da profissão e criticam a administração.
Tiago Magalhães e Amadeu Sousa são dois dos "muitos" motoristas descontentes
Sobe de tom o descontentamento dos motoristas dos Transportes Urbanos de Braga (TUB). Com salários cada vez mais próximos do salário mínimo, e há anos consecutivos sem chegarem a acordo com a administração da empresa municipal, são cada vez mais os motoristas, com poucos e muitos anos de casa, que optam por sair à procura de um maior reconhecimento da profissão.
Esta semana, à porta da empresa municipal, surgiu uma tarja demonstrativa da indignação. “Não conseguimos respirar. Fora Administração TUB, queremos aumento”, podia ler-se na tarja que ao início da manhã de segunda-feira já estava a ser retirada por ordem da administração. Ainda que se desconheça a sua autoria, alguns motoristas da TUB contactados pela RUM não hesitaram no momento de admitirem o seu descontentamento. Há anos a aguardar por um acordo que “nunca mais chega”, admitem que trabalham sem qualquer entusiasmo e cada vez mais revoltados.
Tiago Magalhães, motorista há oito anos na empresa, aceitou falar com a RUM. Diz que todos se sentem “desvalorizados”. Sublinhando a responsabilidade da profissão, este motorista critica o que diz ser “falta de abertura” da administração para chegar a um acordo. “Temos pessoas que trabalham cá há vinte anos e já nessa altura se falava de um acordo. Sinceramente já não acredito”. Com a inflação, estes profissionais também já sentem no dia a dia muitas dificuldades. “Ganhamos 5 euros e 10 cêntimos à hora. É um valor muito baixo”, atesta, reconhecendo que outros colegas já saíram da empresa por questões económicas. “As pessoas estão a sair porque o que recebem não dá para as despesas que têm”, continuou.
Amadeu Sousa é outro dos motoristas dos Transportes Urbanos de Braga descontente com o salário que recebe na empresa municipal. O profissional lamenta ainda que muitos passageiros tenham uma perspetiva muito diferente da realidade desta profissão. “As cartas custam dinheiro, a responsabilidade é toda nossa e o salário já não nos permite viver. Às vezes compensa mais estar de baixa do que vir trabalhar”, ironiza. “Muitos passageiros às vezes atiram que recebemos dois mil euros por mês. Não é a realidade. De todo. Os nossos salários não chegam aos 800 euros e não são atualizados há mais de dez anos”, denuncia.
Ainda que não tenham prevista qualquer ação de luta para os próximos tempos, há quem defenda que é preciso voltar a pensar nessa possibilidade. “Recebemos insultos, ameaças e isto associado aos baixos salários, não há nenhuma vontade de vir trabalhar”, desabafa Amadeu.
O STAL tem denunciado com frequência os salários praticados na empresa municipal, criticando a administração pela forma como tem gerido o processo.