Gasolina cai hoje para preços de antes da guerra

Forte descida do petróleo fez preços de venda dos combustíveis deslizar quase 40 cêntimos por litro em menos de dois meses, cerca de dez dos quais hoje. Mas é a descida do imposto que permite que os preços estejam mais baixos do que antes da guerra.

Segunda-feira, 8 de agosto, meio país de férias, previsões de pouco calor nas praias… e nas bombas de gasolina. Os preços dos combustíveis beneficiam hoje de uma forte queda, estimada em cerca de dez cêntimos por litro.

Atestar um depósito de 50 litros hoje pode custar menos quase cinco euros do que ontem. E uma viagem de 300 km (num automóvel que gaste cerca de seis litros aos 100Km) hoje pode custar menos quase dois euros.

As contas resultam das estimativas de descida de 10 cêntimos na gasolina e de 9 cêntimos no gasóleo, que entrarão hoje em vigor embora só amanhã possam ser oficialmente confirmadas.

Na base desta descida estão os preços dos produtos petrolíferos, quer dos produtos refinados, quer da matéria-prima: a semana passada terminou com a cotação internacional do petróleo (medida pelo índice Brent) pouco acima dos 94 dólares, valor semelhante em dólares ao que se verificava a 23 de fevereiro, véspera da invasão da Ucrânia pela Rússia. O valor continua no entanto mais caro em euros, uma vez que a moeda europeia desvalorizou cerca de 9% face ao dólar norte-americano desde o início da guerra.

A descida das cotações do petróleo está em parte ligada às perspetivas de arrefecimento económico. Mas esvaziou parte da tensão que existia sobre o petróleo.

Gasolina desce quase 40 cêntimos em menos de dois meses

A gasolina simples 95 deverá hoje ser vendida a um preço médio abaixo dos 1,8 euros por litro, o valor mais baixo desde o início de fevereiro, isto é, ainda antes da guerra.

Isto significa que, desde o pico do preço em Portugal, que se verificou a 10 de junho (quando foi vendida em média a um preço de 2,188 euros por litro), o preço da gasolina simples 95 caiu quase 40 cêntimos.

Já a descida do preço do gasóleo, que hoje deverá ser vendido num valor a roçar os 1,75 euros por litro (o mais baixo desde o final de fevereiro), foi um pouco menos pronunciada mas mais rápida.

Desde o recorde de preço máximo, que ocorreu a 23 de junho (quando um litro custou em média 2,111 euros), o preço de venda médio do gasóleo cai um total próximos dos 35 cêntimos por litro.

Isto significa que, como exemplo, atestar um depósito de gasóleo de 50 litros de um automóvel custa hoje menos cerca de 17 cêntimos do que há cerca de um mês e meio.

Petrolíferas ainda ganham mais

Estas descidas dos preços finais não significam, no entanto, que os preços dos combustíveis estejam idênticos aos que se verificavam em fevereiro.

É que este nivelamento dos preços em relação a fevereiro só é possível porque agora o Estado está a cobrar menos impostos do que então. Caso contrário, a gasolina estaria hoje 32,1 cêntimos mais cara por litro e o gasóleo 28,2 cêntimos mais caro por litro.

Se o Estado recebe menos e os portugueses pagam quase o mesmo que em fevereiro, então são as demais componentes do preço que estão mais caras do que então: quem vende a matéria-prima, quem a transforma e quem a comercializa. E isto inclui as petrolíferas, que têm aumentado os seus lucros em todo o mundo nos últimos meses. António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, criticou na semana passada os “lucros imorais” das companhias de petróleo e gás.

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