Acidentes graves com camiões e motos disparam este ano
Os acidentes graves com camiões e motos dispararam este ano. Entre janeiro e abril, o número de vítimas mortais em sinistros com motociclos duplicou e com veículos pesados foi quatro vezes maior. Os atropelamentos também aumentaram 53% face a igual período de 2021.
Depois de dois anos marcados pela redução no número de acidentes com vítimas, graças às restrições na circulação por causa da pandemia de covid-19, o arranque do ano de 2022 mostra um agravamento na sinistralidade nas estradas portuguesas, aproximando-se dos registos pré-pandémicos, nomeadamente de 2019.
No primeiro quadrimestre deste ano, as autoridades policiais foram chamadas para 9204 acidentes com vítimas, dos quais 120 foram mortais. As estatísticas negras dão conta da morte de 130 pessoas, sendo que 636 sofreram ferimentos graves e quase 11 mil tiveram ferimentos ligeiros. A sinistralidade subiu em todos os distritos, com particular relevância em Portalegre (mais 102%), Guarda (mais 60%), Viana do Castelo (mais 58,9%), Castelo Branco (mais 55,7%) e Évora (mais 52,4%). No Porto e em Lisboa, o agravamento foi de 36 e de 39% respetivamente.
Três anos antes e igual período, o registo de sinistros graves ascendia a 10 731, dos quais 139 foram mortais. Então, contabilizaram-se 149 mortes, 642 feridos graves e quase 13 mil feridos ligeiros.
"Comparativamente com o período homólogo de 2021, ano em que ainda se verificaram quebras na circulação rodoviária devido à pandemia de covid-19, observaram-se aumentos em todos os principais indicadores: mais 2626 acidentes (mais 39,9%), mais 56 vítimas mortais (mais 75,7%), mais 188 feridos graves (mais 42,0%) e mais 3.272 feridos leves (mais 44,0%)", como pode ler-se no comunicado, divulgado esta sexta-feira, pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
Nos primeiros quatro meses deste ano, só houve menos acidentes graves com tratores. De resto, a sinistralidade com todos os outros veículos agravou, com destaque para as motos (passou de 1885 para 2531 acidentes com vítimas, mais 34,3%), para os camiões (subiu de 319 para 459, mais 43,95) e para os automóveis ligeiros, que continuam no topo da lista (cresceu de 7570 para 11 801, mais 46,4%).
Olhando para o tipo de vítima, tivemos quatro vezes mais mortes em acidentes envolvendo pesados. No caso de tripulantes e ocupantes de ciclomotores e de carros, o número de óbitos duplicou. Nas motos, o registo negativo subiu de 16 para 33 mortes, enquanto, nos carros, cresceu de 30 para 62. Nas viaturas pesadas, os dados estatísticos da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária revelam crescimentos superiores a 70% nos feridos graves e nos feridos ligeiros.
Merece realce, também, o aumento de 11,3% no número de sinistros graves com bicicletas (de 683 em 2021 para 760 em 2022). Entre janeiro e abril deste ano, morreram seis pessoas, 41 sofreram ferimentos graves e 681 tiveram ferimentos ligeiros. No primeiro quadrimestre de 2022, os atropelamentos tiveram uma subida de 53% (passou de 844 para 1291): 21 peões morreram, 83 ficaram com ferimentos graves e 1289 com ferimentos ligeiros.
Mais de dois mil condutores sem carta
Desde a entrada em vigor do sistema de carta por pontos (a 1 de junho de 2016), 2025 condutores ficaram com o título cassado. "O número de condutores que perderam pontos na carta de condução foi de 395,7 mil, até final de abril de 2022", indica a autoridade, no mesmo comunicado.
A ANSR dá conta, ainda, da "diminuição em quase todas as tipologias de infrações": menos "20,2% pela utilização do telemóvel e menos 16,8% pela ausência de inspeção periódica obrigatória". A exceção é a condução sob efeito de álcool. "Evidenciou um aumento muito expressivo (mais 124,4%), mas em grande medida como consequência da queda acentuada do ano anterior", esclarece ainda.
"Relativamente à condução sob o efeito do álcool, foram submetidos ao teste de pesquisa de álcool 486,4 mil condutores, o que representa uma redução de 0,3% comparativamente a 2021. A taxa de infração (número de infrações por álcool/ número de testes efetuados) variou de 1% no primeiro quadrimestre de 2021 para 2,2% no período homólogo de 2022".