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Adormecer ao volante: a bomba silenciosa nas estradas

Publicada em: 13/12/2025 08:56 -

 

 

Lisboa — Adormecer ao volante mata. Não em pequenos números, mas de forma brutal e frequente — e, ainda assim, quase invisível às estatísticas oficiais. Especialistas alertam que a fadiga é hoje a principal causa de mortes nas estradas portuguesas, mas não existe sequer uma campanha de sensibilização dedicada ao problema. E os números? Não existem — porque, quando a morte chega por sono, ela é muitas vezes anotada nos boletins como “outra causa”.

 

“Quem faz o registo é a GNR, a primeira a chegar ao local, e os guardas não podem, com segurança, afirmar que essa é a origem do acidente”, diz José Miguel Trigoso, presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). A falta de dados oficiais instala um silêncio perigoso: sem registos claros, sem estudos nacionais e sem campanhas, a sociedade continua a subestimar um risco que, na Europa, é responsável por cerca de 30% dos acidentes em algumas redes rodoviárias.

 

No Hospital de Santa Maria, a neurologista Teresa Paiva, diretora do Laboratório do Sono, não usa rodeios: “Adormecer ao volante é a principal causa de morte nas estradas.” Quando a privação do sono se junta ao álcool ou a medicamentos, a médica usa uma imagem chocante para descrever a combinação: “é como levar uma bomba dentro do carro.” E os dados de experiência pessoal são igualmente alarmantes: mais de 20% dos condutores sem doenças do sono admitem já ter adormecido ao volante.

 

O problema está nas rotinas de uma sociedade que empurra muitas horas para a estrada: conduções nocturnas, turnos longos, viagens prolongadas sem pausas e noites mal dormidas. Mas também está nas falhas da prevenção. Não há campanhas específicas da ANSR para alertar quem trabalha em turnos, quem viaja de camião ou simplesmente quem cruza longos troços de autoestrada depois de dias exaustos. E sem registos fiáveis, políticas públicas não aparecem — e as famílias continuam a chorar mortos que a ficha de ocorrência raramente identifica como vitimados pelo sono.

 

As consequências são óbvias e evitáveis: pausas regulares, sono adequado, limites para turnos profissionais e campanhas educativas visíveis e continuadas. Enquanto isso não acontecer, os condutores continuam a sentar-se ao volante com uma bomba silenciosa no banco do passageiro — o sono. E a estrada continuará a cobrar vidas que ninguém, oficialmente, consegue contar.

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