Comboio português ajuda a tirar 18 mil camiões espanhóis da estrada por ano
As chamadas “autoestradas ferroviárias” já são usadas há décadas em França e Itália, mas só agora estão a chegar à Península Ibérica.
Da produção até à loja, artigos como roupas novas, móveis ou folhas de papel andam sempre de camião nas estradas da Europa. O transporte destes artigos gera poluição e trânsito, contribuindo para o agravamento da pegada carbónica. Mas a logística na Europa quer ser mais sustentável e está a apostar numa combinação com outros meios de transporte, como o navio e o comboio, que, com economias de escala, têm menor impacto ambiental. Exemplo disso são as “autoestradas ferroviárias”: são comboios de mercadorias que transportam os semirreboques dos camiões em vagões próprios, reduzindo a necessidade de pessoal, aumentando a segurança e diminuindo emissões carbónicas. O sistema já é usado há décadas em França e Itália, mas só agora está a chegar à Península Ibérica.
No início do mês, arrancaram os testes da primeira autoestrada ferroviária, que liga Valência a Madrid. Portugal está representado através da Medway: a transportadora de mercadorias sobre carris foi contratada pela espanhola Tramesa para rebocar estes comboios. As provas decorrem até ao final do próximo mês; a partir de setembro, haverá quatro serviços por semana nesta modalidade, para retirar das estradas cerca de 18 mil camiões por ano. O Dinheiro Vivo acompanhou, por dentro, uma das viagens de teste, num processo que demorou cerca de 48 horas. É a primeira vez que uma linha em bitola ibérica faz este serviço.
O comboio de mercadorias começou a ser montado no sábado, no novo dique Este do Porto de Valência, onde também estão estacionados milhares de automóveis. Os semirreboques vieram de Itália e foram transportados num navio de contentores da Transitalia, uma das empresas parceiras desta autoestrada. Assim que chegaram a Espanha, os atrelados foram retirados do navio por máquinas e colocados ao lado dos vagões pintados de verde.
Fonte:JN