E se fosse com a Ponte 25 de Abril ou Ponte Vasco da Gama?


O engenheiro civil e ex-docente da Universidade de Coimbra, Luís Simões, fez à TSF uma análise crítica ao recente acidente ocorrido em Baltimore e afirma que, perante um impacto de tal magnitude, a estrutura da ponte 25 de Abril, em Portugal, enfrentaria um destino semelhante.

“Não há ponte concebida para resistir ao impacto de um navio de carga. O problema aqui não reside na ponte em si, mas sim na trajetória irregular do navio. As pontes, quer em Portugal ou em qualquer parte do mundo, não estão projetadas para suportar o impacto de embarcações de grande porte”.

Mesmo tendo uma base de betão, que protege contra embates menores, “se um navio de carga ou mesmo um navio cruzeiro chocasse com um dos pilares, a probabilidade de colapso seria elevada”, indica o especialista.

Apesar da estrutura da ponte em Baltimore ter colapsado e caído o rio, o engenheiro considera que em grande parte da área afetada terá de haver reconstrução.

Segundo exemplifica, se o mesmo incidente ocorresse “na secção principal da Ponte Vasco da Gama, isso não implicaria a reconstrução completa da ponte”. “As intervenções seriam localizadas, não abrangendo toda a estrutura”, clarifica.

Conhecida como o ‘Gigante de aço’, começou a ser construída em 1972 e foi inaugurada em 23 de março de 1977 com o nome de Outer Harbour Crossing , mais tarde renomeada como Francis Scott Key Bridge ou Key Bridge.

A data de inauguração significa que a ponte celebrou há apenas três dias o seu 47.º aniversário.

De acordo com informações do Banco de Dados Internacional e Galeria de Estruturas (Structurae), esta ponte rodoviária, que faz parte da estrada interestatal Interstate I-695 com quatro vias, tinha um comprimento total de 2.632,25 metros, tornando-a a ponte mais extensa de Baltimore. A Key Bridge era uma via crucial, servindo aproximadamente 11,5 milhões de veículos anualmente, além de ser rota para milhares de navios que transitavam pelo Porto Externo de Baltimore.

A ponte Francis Scott Key, conhecida pelo seu vão principal de 365,76 metros – um dos mais longos do mundo – conectava a Interstate I-695 de Edgemere a Baltimore, próxima ao Fort Armistead. Devido às restrições de segurança, camiões que transportavam mercadorias perigosas para Baltimore eram direcionados a utilizar a Key Bridge em vez dos túneis locais.

O desenho da ponte era caracterizado por uma estrutura de treliça em forma de arco de aço contínuo e recebeu o nome em homenagem ao autor do hino nacional americano, Francis Scott Key, que também era advogado e poeta amador. A construção da ponte teve um custo estimado de 110 milhões de dólares (qualquer coisa como mais de 100 milhões de euros), financiado através de uma emissão de títulos de dívida de 220 milhões de dólares.

Até recentemente, a Key Bridge contava com um sistema de portagens operado pela Autoridade de Transporte de Maryland (MDTA), com uma tarifa de quatro dólares para automóveis. No entanto, o sistema de portagens foi atualizado para digital no final de 2019, permitindo pagamentos por automáticos e eliminando transações em dinheiro.

As autoridades locais estão a investigar as causas exatas do acidente e avaliando os danos para determinar os próximos passos em relação à reconstrução e à segurança da área afetada.

Categoria:Geral

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