Bombeiros vivem no quartel devido a ordenados em atraso

Um casal de bombeiros e um filho de um ano estão a viver há três meses no quartel da corporação de bombeiros da Ajuda, em Lisboa, por falta de pagamento de salários desde novembro, uma situação que os levou a não ter capacidade para pagar a renda de casa em Oeiras. Esta segunda-feira, o bombeiro, que pediu para não ser identificado, disse que recebeu ordem de saída pela direção da corporação, mais tarde negada pela presidente da instituição. “Como suspendemos o contrato de trabalho para ter acesso ao subsídio de desemprego, fui informado que se não trabalhamos, temos de sair do quartel. Questionei diretamente a presidente e ela negou, deixando-nos continuar aqui até arranjarmos uma casa”, disse ao JN.


O filho de um ano vai ter de sair da creche, privada, por falta de pagamento da mensalidade. A família já procurou junto da Câmara de Oeiras, onde viviam, solução de habitação social, mas ainda não teve resposta. O bombeiro diz que estão em permanente contacto.


Litígio congelou contas


A falta de pagamento de salários na corporação de bombeiros da Ajuda foi denunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) através de comunicado e levou a que todos os 15 bombeiros assalariados (os restantes são voluntários) suspendessem no final deste mês o contrato de trabalho. “Sempre houve atrasos nos pagamentos de salários, mas desta vez, em novembro, deixaram de pagar e nada foi justificado”, explicou o mesmo bombeiro ao JN. 


Em causa, de acordo com este profissional, está um litígio judicial entre uma empresa que requalificou o quartel e a corporação que levou a que as contas fossem congeladas. “No início de janeiro, disseram que já tinham acesso às contas bancárias e que iam proceder ao pagamento dos salários, mas nada aconteceu”.


Os bombeiros ficaram sem poder fazer face aos custos do dia a dia, mas nem por isso deixaram de ser bombeiros na corporação. “Somos bombeiros, não recusamos prestar socorro à população, que é a nossa principal missão, e sempre que há solicitação de socorro, saímos nas ambulâncias, mas somos menos e temos o dobro ou o triplo do esforço”, disse o mesmo bombeiro. 


“Socorro em risco”, diz STAL


O STAL considera que as dificuldades financeiras na corporação levam a que o socorro esteja em risco, visto que, de acordo com o dirigente Tiago Martinho, “falta dinheiro para o combustível nas ambulâncias, para comprar oxigénio e para toda a logística das operações de socorro”, disse ao JN. O socorro, de acordo com Tiago Martinho, é hoje prestado devido ao sacrifício dos bombeiros. 



Os Bombeiros da Ajuda disseram ao JN que iam responder às questões por escrito, mas os esclarecimentos não chegaram.


Câmara de Lisboa nega risco para a população


A Câmara Municipal de Lisboa diz que está “a acompanhar e a procurar ajudar ao máximo com os contributos possíveis para que seja encontrada uma solução para o problema”, afirmou fonte oficial da edilidade. A autarquia relembra que “o socorro à população na cidade de Lisboa, independentemente da área geográfica, em nada será afetado visto que o mesmo é coordenado e da responsabilidade do Regimento de Bombeiros Sapadores de Lisboa”.


Apoio das juntas de freguesia


As juntas de freguesia da Ajuda e de Alcântara apoiam com bens alimentares e alguns populares também. Pela autarquia da Ajuda, um funcionário acompanha os bombeiros  às superfícies comerciais para pagar as compras, desde fraldas para o bebé a alimentação. Alcântara tem ajudado com bens alimentares entregues aos bombeiros.

JN


Categoria:Geral

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